Um conto ... real

No pós-guerra, nada era mais glamouroso que os grandes transatlânticos italianos e franceses que singravam o Atlântico Sul - Augustus, Giulio Cesare, Conte Grande, Bretagne, Provence ..., e que eram sinônimo de luxo e elegância e objeto de desejo da elite de então.

O nosso relato começa em 18.07.1960, com o casamento da princesa Diana de França, filha dos Condes de Paris (herdeiros do trono francês – a condessa, nascida Isabel de Orleans e Bragança, da Casa Imperial Brasileira – ramo de Petrópolis), com o duque Karl von Wurtemberg (hoje Karl II, Chefe da Casa Real de Wurtemberg), que como na aproximação republicana De Gaulle/Adenauer, encarnou ao nível das monarquias européias, a reaproximação França/Alemanha do pós-guerra.

A lua de mel, a ser passada no Palácio do Grão-Pará em Petrópolis, junto aos tios, os Príncipes Imperiais D. Pedro Gastão de Orleans e Bragança e D. Esperanza de Bourbon (tia do rei D. Juan Carlos I de Espanha) estava prevista após embarque no SS Conte Grande, quando os olhos atentos de um menino de 13 anos, que viajava em companhia de sua mãe, os acompanharam durante toda a viagem, até o desembarque no Rio de Janeiro.

Os passageiros, paulistas, argentinos, uns poucos cariocas, uruguaios, europeus e outros, acrescidos de alguns oficiais da Marinha de Guerra do Brasil (JK tinha acabado de comprar o porta-aviões Minas Gerais na Inglaterra, e o estava reformando na Europa), estavam alvoroçados com as reais presenças.

O navio deslumbrante, a escala na belíssima Ilha da Madeira com seus bordados mundialmente reputados, as mil atividades a bordo, nada desfocava os olhares da “pobre” Diana de França, que para surpresa de muitos ... era tão simples! E assim foi até o último dia (também pudera, “nascer com um nome desses é um acinte”, dispararam Camilla e Karen, duas amiguinhas do menino à bordo, encantadas com a augusta personagem).

Duas semanas de viagem depois, o Cristo Redentor, mas o porto lotado obrigou o Conte Grande a ancorar e aguardar 8 horas em alto mar. Nisso, o pai do menino se encontrou com D. Pedro Gastão no cais, e o Príncipe Imperial gentilmente o convidou a embarcar em uma lancha, e os dois, impacientes, escalaram o transatlântico, ao largo.

O menino, que hoje mora em Porto Alegre e é casado com uma gaúcha, tão feliz por rever inesperadamente seu pai, registrou a seguinte cena: D. Pedro Gastão abraçado com sua mãe (que era brasileira e informal), Diane von Wurtemberg ajoelhada diante do Príncipe Imperial, Karl von Wurtemberg em posição marcial e o seu pai também. Isso ocorreu faz 50 anos.

Emile Bian



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